Comemorar e Lutar
Mary Alves - Vice-Presidenta da Chapa assina esse texto. |
Historicamente o dia 8 de março representa uma simbologia das lutas das mulheres por superação de desigualdades, injustiças e opressões baseadas unicamente no fato de serem mulheres e viverem numa cultura patriarcal, sexista e machista que hierarquiza as relações sociais entre homens e mulheres a partir da construção cultural de gênero, estabelecendo para estas a inferioridade natural.
Se por um lado encontramos avanços que representam conquistas importantes para superação das desigualdades de gênero, por outro, ainda enfrentamos uma enorme onda conservadora, que permeia nossas leis, nossa cultura e nossas vidas de forma geral. Tal cultura limita os espaços de participação das mulheres, acarreta violências, discriminações, mostrando-nos maiores motivos para lutar pela superação das desigualdades ainda existentes do que motivos para comemorar.
A participação política das mulheres através dos movimentos feministas tem possibilitado a resistência a esta cultura pautada no machismo e na desigualdade, demonstrando historicamente que a condição das mulheres na sociedade é uma construção cultural, portanto, passível de mudança. As conquistas e avanços nesse transcorrer históricos são inúmeras e advêm desde o início do século XX quando as mulheres se organizaram na luta sufragista pelo direito de votar e de serem eleitas. Se hoje, nós mulheres, podemos cursar a educação formalizada, inclusive de nível superior, nos expressar em público, nos vestir e andar “livremente” devemos isto a estas mulheres feministas históricas que iniciaram a resistência à construção de gênero.
Mas os desafios ainda são muitos. Precisamos ainda enfrentar, enquanto sujeitos históricos, as imposições opressoras do capitalismo, do machismo e do racismo, que na contemporaneidade estão cada vez mais articuladas entre si, pautadas em um poder difuso que operam em várias frentes e nos desafiam cada vez mais enquanto mulheres para seu enfrentamento. Ainda somos discriminadas no mercado de trabalho, recebemos em média 73% do salário dos homens com mesmo grau de escolaridade e na mesma função¹; enfrentamos cotidianamente diferentes formas de violências, desde a mídia que utiliza nosso corpo como objeto até as nossas relações afetivas, que dão ao Brasil o lugar do 7º no ranking de países que mais matam mulheres, e a Paraíba a mesma colocação dentre os Estados brasileiros².
Tudo isso demonstra que ainda temos muito o que lutar para ter efetivamente motivos a comemorar no dia 8 de março.
Neste sentido, a chapa ALTERNATIVA CRESS reafirma seu posicionamento político em favor das lutas coletivas das mulheres, que historicamente tem sido protagonistas de suas conquistas e que representam larga maioria da categoria profissional d@s Assistentes Sociais brasileir@s. A resistência às formas de opressão, violências e discriminações destinada às mulheres é responsabilidade cotidiana de tod@s nós!
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